Realizou-se na manhã, no passado dia 25 de Março, no auditório do Seminário de Vila Real, a conferência “traduções da Bíblia para Português”, proferida por Frei Herculano Alves, franciscano capuchinho. Presente mais de meia centena de pessoas.
O orador referiu os momentos fundamentais das traduções bíblicas, desde o período apostólico (século IV) até ao papa Bento XVI, como já em notícia anterior, havíamos referido. Começou por dizer que a “a Igreja nasce da Bíblia e não a Bíblia da Igreja.” Primeiro houve a oralidade (palavra) e depois a escrita. Existindo ela, para o cristão não basta ter a Bíblia em casa. É preciso lê-la, saber o que é que ela diz. E quanto à sua leitura: “não devemos estar contentes porque a Bíblia não é ainda o nosso livro”. Isto é, não é o livro que nos acompanha, aquele que lemos constantemente ou muitas vezes, sobre o qual refletimos e pelo qual nos devemos nortear. Lamentou-se por não haver escolas bíblicas nas cidades, enfim, no país. A sua existência era importante. Nesta sua exposição sublinhou o período após o Concílio de Trento, em que a Igreja se acomodou ao considerar que, desde então, estava tudo definido. Só a segunda metade do século XIX vai despertar a Igreja para as consequências sociais da revolução industrial, e depois já no século XX, com todas as mudanças que as guerras impõem nos vários contextos, obrigando-a a ajustar-se às novas realidades.
O frei Herculano falou, entre outras coisa, sobre a teoria de “os primeiros”, aqueles que marcaram o seu presente e o futuro depois deles, como modelo a seguir, Abraão, por exemplo. “Abraão é o resumo de todas as virtudes que o povo de Deus deve seguir. E viver. “ A verdade não é só histórica. Há uma verdade catequética, verdade de fé para nos guiar e conduzir para Deus.” Ainda sobre “os primeiros” foi questionado sobre Adão e Eva e o pecado original, que relacionou com a teoria de Santo Agostinho.
Na segunda parte da sua comunicação, antes, pois, das questões do auditório, apresentou a sua obra de seis volumes, dedicada à tradução da Bíblia em Portugal, desde a Idade Média ao século XX.
Ribeiro Aires