A IGREJA EM VILA REAL NA CONTEMPORANEIDADE

CENTENÁRIO DA DIOCESE DE VILA REAL

A Igreja em Vila Real na contemporaneidade

“A Igreja em Vila Real na contemporaneidade”, foi o tema do terceiro colóquio, organizado pelo Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica do Porto, realizado no último sábado,  no auditório  do Seminário de Vila Real,  no  âmbito do centenário da criação da Diocese, data ocorrida precisamente há um ano.
Este colóquio teve duas partes distintas. O programa iniciou-se com a intervenção de  D. António Augusto Azevedo, bispo da diocese,  seguindo-se  as intervenções da  profª Maria João Oliveira (imagem),  com o tema “Dinâmicas sócio religiosas na diocese de Vila Real”, e, depois de um intervalo, do padre Manuel Queirós, que dissertou  sobre a “Organização e vida pastoral: agentes, estruturas e dinâmicas”. Á tarde, pelas 14h30, a proposta foi uma mesa redonda, moderada pelo reitor (Vila Real) e professor da U. Católica, Abel Canavarro, na qual participaram os padres João Curralejo, do Departamento da Juventude, Pastoral Universitária e Vocações, Hélder Libório do Secretariado Diocesano de Liturgia e Márcio Martins, do secretariado Diocesano da Educação Cristã.

D. António Azevedo, quanto a este colóquio, como complemento do ciclo comemorativo, valorizou o tema, considerando-o “importante, necessário,  indispensável, até, este olhar mais atento, mais criterioso sobre a realidade atual desta Igreja que, como tal, não é uma realidade separada da realidade social, cultural, económica, política, etc. A Igreja não existe como entidade à parte do conjunto da sociedade”, disse e acrescentou, ainda,  que o momento é de “olharmo-nos ao espelho o que é fundamental para superar ideias feitas, para superar muitos autoconvencimentos, superar preconceitos.” Sente que é necessário um “confronto com a realidade”,  ter um “olhar objectivo, com cariz mais científico” , o que “é indispensável”  porque a  “realidade contemporânea” é “dinâmica” e não o é só para a Igreja.  Como a concluir, disse que esta abordagem com rigor  “é útil para se tomarem decisões para o futuro”.

Maria João Oliveira lembrou que os dados, as considerações e as reflexões que trazia ao auditório eram parte do estudo que está a ser desenvolvido pela equipa da Universidade Católica e que, quando terminado, será apresentado em livro. Da amostragem sociológica, alguma já consolidada citamos;  o número de paróquias (264), estáveis desde 1991,  representando 6% no contexto nacional; o número de sacerdotes diocesanos que em 1991 eram 151 e em 2014 (últimos dados apurados), eram 102, ou seja, 3,9% do todo nacional;  como candidatos a sacerdotes  contavam-se 27 em 1991 e 21 em 2014;  a percentagem de católicos na diocese em 1956 era de 99% e em 2014 98%. Referiu também que há uma quebra no número de batismos, sendo uma das razões a diminuição da natalidade, assim como se constata 

 uma diminuição do casamento religioso e a prática da vida sacramental.  Apresentou também os campos da ação da igreja nos setores  da educação, da saúde, dos media, das Misericórdias, das  creches, dos orfanatos, entre outros.

O padre Manuel Queirós  abordou  a eclesiologia, que é uma disciplina nova, um ramo  da teologia cristã. Falou sobretudo da eclesiologia da comunhão tratada no  Concílio Vaticano II. Desde 1985, o conceito de comunhão adquiriu  um sentido missionário da vida  eclesial, isto é, da  unidade dos membros da igreja e que tem a ver  com “a comunidade fé, esperança e caridade”” e “que se desenvolve com vista à missão própria de evangelizar, de anunciar Cristo. A igreja é mensageira e artífice da

unidade,  comunhão que não é só com Deus, mas também  o é dos homens entre si.” Depois da explanação de outras vertentes deste conceito, o padre Manuel Queirós referiu-se à organização  estrutural  da diocese e às respetivas áreas em que cada parte se desenvolve.

A tarde, a partir das 14h30, foi ocupada com uma mesa redonda, moderada pelo reitor (seminário) e professor da Universidade Católica,  António Abel Canavarra. Intervieram os sacerdotes João Corralejo, Hélder Libório e Márcio Martins, todos responsáveis por vários organismos diocesanos. Em abordagem  “Desafio do acompanhamento espiritual”, a “Carta Apostólica de Bento XVI”,  “Catequese: caminhos e desafios;  homilias. Não deixou de haver também um olhar-se ao espelho e enumerar algumas críticas de processos litúrgicos.

António Azevedo, a encerrar, deixou um agradecimento aos organizadores e aos presentes e uma mensagem: “é o espirito de Deus que continua a conduzir a Igreja” e  por isso  é necessário “uma atitude de confiança e de compromisso”.

Ribeiro Aires