ASSOCIAÇÃO DE ANTIGOS ALUNOS DO SEMINÁRIO HOMENAGEIA O PADRE GOMES
O padre José Joaquim Dias Gomes foi homenageado pela Associação de Antigos Alunos do Seminário de Vila Real, durante o convívio anual realizado no Seminário e que contou com a presença do sr. Bispo coadjutor D. Amândio Tomás.
Cumprindo uma tradição, repetida em cada terceiro domingo de Maio, os antigos alunos reuniram-se em confraternização, no passado sábado, a fim de manterem viva a chama do companheirismo, da amizade, revivendo momentos que vistos à distância são mais deliciosos.
Depois da celebração de uma missa pelo bispo coadjutor, que sufragou as almas daqueles que já partiram de entre os vivos, seguiu-se o almoço, iniciado com o prato «mítico», a farinha de pau. Após este conforto, deu-se continuidade ao programa, tomando a palavra o dr. José Macieirinha, como presidente da direcção da associação, que fez uma reflexão, a que deu o título ” A Igreja no mundo de hoje e perspectivas de superação da falta de clero.” Começou por referir o papel da Igreja ao longo da sua existência, considerando-a como “a Estrela Polar ou o Cruzeiro do Sul da Humanidade na orientação da sã convivência e na salvaguarda dos mais elementares princípios que estão na génese da formação do conceito de Pessoa Humana.” Desempenhando a sua missão “os Papas não têm que pedir perdão pelos erros da História, porque foi dos erros da História que surgiram as luzes do mundo de hoje”. Neste sentido “A história compreende-se, não se renega””. O dr. José Macieirinha não se coibiu de abordar o problema mais mediático da actualidade, a pedofilia de alguns membros da Igreja. Sobre ela disse: ” Nos tempos modernos e numa altura em que são relatados alguns dislates praticados por medíocres dignitários da Igreja, há uma tendência para confundir a Nuvem com Juno como se não houvesse Pais pedófilos, Juízes corruptos, criminosos entre Agentes Investigadores de crimes, corrupção activa e passiva e como se os mesmos dislates e desvios não fossem praticados por figuras públicas e proeminentes do mundo social – a dita fina flor da sociedade que se revela a fina flor do entulho”…Fala-se muito em crise de vocações e falta de sacerdotes. José Macieirinha defendeu a continuidade do celibato, apresentando as suas razões. Para ultrapassar a falta de sacerdotes avançou com uma solução já defendida por outros, ainda que não muitos. O acesso das mulheres ao sacerdócio podia ser o caminho a seguir, considerando o papel que elas já desempenham no apostolado da Igreja. Apresentou vários argumentos para alicerçar a sua tese, referindo também o nome de muitas mulheres importantes no seio da Igreja: Maria, mãe de Jesus, Maria Madalena, Santa Catarina de Siena, Dorothy Day, Teresa Benedita da Cruz, Santa Teresa de Ávila, Santa Teresa do Menino Jesus, Madre Teresa de Calcutá, etc.
Seguiu-se a homenagem ao Padre Gomes. Intervieram o Padre Salvador Parente, o dr. Normando Machado, o dr. José Macieirinha e o dr. Domingos Gomes, irmão do homenageado. Foi passado em revista a sua meninice e juventude (Domingos Gomes), a sua entrada e vida como seminarista (padre Salvador Parente) e analisada a sua vida profissional pelos alunos, de então, Normando Machado e José Macieirinha. No fundo, o padre Gomes foi envolvido por grande abraço de simpatia, de estima e de compreensão pelo que foi, pelo cumprimento do seu «munus» num quadro de valores específicos de um tempo próprio. O padre Gomes compreendeu que louvores e críticas sempre são bem-vindos dos amigos autênticos. E aqueles que ali estavam eram efectivamente ex-alunos que o admiravam, que lhe enalteciam todo o trabalho desenvolvido ao longo de tantos anos no exercício de tantas funções, quer em prol do Seminário, quer da sociedade vila-realense que também a ele deve uma reverência pelo seu trabalho. O Padre José Joaquim Dias Gomes agradeceu esta homenagem. Ficou reconhecido e encontrou em todas as palavras um novo alento para continuar a sua missão como sacerdote e como humanista.
Esta «festa» terminou com canto. A dupla Normando Machado/Daniela Machado, com as suas excelsas vozes, interpretou canções das mais diversas índoles, acompanhadas, quando possível, pelos «últimos resistentes» deste magnífico convívio.
RIBEIRO AIRES